quarta-feira, novembro 29, 2006

Outono


Estas árvores (plátanos) têm duas coisas muito agradáveis, no Outono: as cores e o som.

Já experimentaram pisar um tapete de folhas bem secas, bem devagarinho? É uma sensação deliciosa, diria mesmo quase voluptuosa. Pena que efémera...

quinta-feira, novembro 23, 2006

Doce entrega

História recebida numa daquelas mensagens que hoje em dia muita gente recebe nas suas caixas de correio electrónico:

« Um rapazinho de quatro anos tinha por vizinho um velhote que perdera recentemente a sua esposa. Ao vê-lo a chorar, o menino foi ao quintal do senhor, subiu para o seu colo e sentou-se.
Quando a mãe lhe perguntou o que dissera ao vizinho, o menino disse: Nada, só o ajudei a chorar.»

terça-feira, novembro 14, 2006

Impressões jazzísticas III


Patricia Barber. 2º concerto este ano em Portugal. 2ª vez que a vejo ao vivo. As impressões desta actuação foram basicamente semelhantes às que me ficaram da 1ª vez que a vi actuar. Adjectivos para descrever o que achei: grandeza (de presença física), maturidade (na interpretação e na voz), excentricidade (em pequenos pormenores, como por exemplo, o constante esfregar das mãos, o descalçar assim que se senta ao piano…). E excelência no acompanhamento. À excepção de um pequeno excerto, quanto a mim demasiado “ruidoso”, num solo da guitarra eléctrica, foi tudo divinal. E, diga-se de passagem, que estranhei a presença deste instrumento no último CD dela: a princípio achei que não iria gostar, mas essa impressão negativa desvaneceu-se durante o concerto.

Apenas gostaria de acrescentar que é estranho comparar o que me ficou ao ouvir dos seus CDs (sem a componente visual) com o que senti após presenciar as actuações. A suavidade e a calma transmitida pelas composições e pela sua interpretação levaram-me a criar uma imagem de serenidade na presença em palco e a desejar uma comunicação incondicional por parte dela com o público. Mas não é bem assim: as “divagações corporais” e o modo de estar em palco dão a entender que ela se auto-transporta para um mundo muito dela quando toca. Nada contra. Até revela uma entrega total, aspecto que só abona a favor de um artista.

Bom: sou fã desde que descobri o álbum “Verse” (“uma pérola”, como já li em algum lado, opinião que subscrevo integralmente) e assim continuo.

Para quem quiser conhecer mais: http://www.patriciabarber.com/

segunda-feira, novembro 06, 2006

Fazes-me falta

Um amigo é uma dádiva dos deuses. E perder um amigo sincero e verdadeiro causa uma mágoa profunda. Deixa um vazio na alma e um aperto no coração. Mesmo que a causa nos seja alheia. Talvez principalmente se a causa nos for alheia. Porque quando o perdemos por uma acção nossa, consciente ou inconsciente, a dor da perda confunde-se com a culpa que nos corrói o íntimo. Mas quando isso acontece por circunstâncias da Vida, a mágoa é um lago sereno que nos ocupa o horizonte, para onde quer que nos viremos…

E o perder um amigo pode não ser perder a sua amizade. Pode, tão simplesmente, ser o perder da espontaneidade que uma relação tinha. O perder da doçura de um sorriso, da satisfação de um brilho no olhar, da surpresa de uma gargalhada inesperada, do prazer de uma demonstração de ternura ou de um gesto carinhoso de apoio incondicional. Pelo arrastar do tempo, pela mudança da atitude perante o nosso modo de ser, pela mudança na visão que se tem do outro ou do seu mundo, pelo somar de partidas que a vida nos prega, enfim… pelo instalar de um silencio incomodativo, que cai não se sabe de onde e se torna cada vez mais espesso, qual nevoeiro à beira-rio num dia abafado.

Mas, como ouvi num filme, os deuses invejam-nos porque somos mortais. Para nós, qualquer momento pode ser o último. E quem se apercebe dessa incerteza vê o mundo com olhos de ver, sente a Vida com a intensidade que ela merece. E até a mágoa faz parte da Vida. A saudade dos bons momentos só se sente porque esses momentos foram bons enquanto duraram e já não voltam mais. E não adianta querer com todas as nossas forças. Como diz a canção, “a saudade é como um barco, que aos poucos descreve um arco e evita atracar no cais…”
 Posted by Picasa