sábado, outubro 09, 2010

Comer Orar Amar

É tudo uma questão de equilíbrio.

Equilíbrio interior, equilíbrio com os outros, equilíbrio do Universo... no fundo, por muitas voltas que se dê, vai sempre dar a, simplesmente, equilíbrio.

À saída do cinema, ouvi expressões do tipo "mais do mesmo", "tanta volta para ir dar ao mesmo sítio" ou "haja paciência". Admito que o filme tenha demasiados elementos ditos "hollywoodescos" (cores muito vivas, quase tudo certinho, "onde é que ela vai buscar o dinheiro para tudo isto?" e por aí fora...), o que causa uma impressão de lhe faltar alma.

Mas a mensagem está lá.

Para quem a quiser compreender.

Para quem tiver a capacidade interior de a compreender.

Senti-me triste por me parecer que aquelas pessoas possam estar a deixar escapar a oportunidade de se deixar tocar ou, pelo menos, de questionar o que é que a autora do livro pretende transmitir, dando o benefício da dúvida ao filme e concentrando-se na mensagem em si.

Enfim...





Só uma nota final: o aparente completar do ciclo, que levou aos comentários referidos, fez-me lembrar um outro filme que me paira na memória de há muito para cá. "Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera", do realizador sul-coreano Kim Ki-duk.


Também a narrativa é aparentemente cíclica. E digo aparentemente, porque nada é cíclico: entre uma volta e outra há evolução, o que torna as coisas tridimensionais. Logo, em vez de um círculo, temos uma espiral. E um ciclo é, na verdade, uma volta da espira.

Nada regressa ao que era.
Mas em tudo há um equilíbrio a atingir.

quinta-feira, setembro 23, 2010

Saudade do que não se conhece

Um amigo uma vez escreveu "tenho saudades dos lugares que nunca conheci".

Em jeito de resposta, eu acrescentei que "gosto de regressar, de quando em vez, aos lugares onde nunca fui. sinto-me lá bem. e descubro sempre algo de novo, que me faz manter a saudade de nunca lá ter estado."

A Maternidade é um desses lugares.
E o poema desta canção espelha bem o que sinto quando tenho saudades desse lugar que considero fantástico.



"Mothers have woven a black velvet ocean
And spread it between the night and day shores
So that children might sleep, gently rocked by the motion
Of waves beneath boats built by fathers like yours

With you safe aboard by the shore we will linger
And watch as your breathing it fills up the sail
You loosen the moorings, you grip on your finger
And leave on the velvet a silvery trail

Alone on the shore with our heart close to breaking
We stand in the wake as you glide from our reach
Calmed by the thought that the voyage you're taking
Will bring you at dawn back safe to this beach

We cannot sail with you, be there to guide you
Or pilot your boat through the black of the night
But no ocean can keep you, no darkness can hide you
Away from our love and its undying light"

segunda-feira, julho 12, 2010

Jazz no Feminino

Fui ouvi-la (e vê-la) na passada 3ª feira ao CCB.

Não conhecia e fui atraída para o seu espectáculo apenas com uma ponta de melodia ouvida num anúncio na rádio: seduziu-me por completo. E, ao vivo, não me deixou ficar nada mal.

Nada mal mesmo…



De gestos longos e voz lânguida, com uma presença envolvente, divertida, cativante.




A juntar à linha das minhas preferidas:

a incontornável e inigualável arte de Billie Holliday

o alegre swing de Ella Fitzgerald

a perturbante e magnética angústia na voz de Elis Regina

a sedutora maturidade de Patricia Barber

a terna inocência de Lisa Ekdhal

a doce irreverência de Silje Nergaard

a bela surpresa que foi a musicalidade de Barbara de Dominicis, dos Cabaret Noir

a leve e fresca China Forbes, dos Pink Martini

ah! e, at last but not least, a suave tranquilidade de Madeleine Peyroux


E isto sem contar com algumas das saborosas vozes brasileiras que me deleitam com interpretações de jazz/bossa-nova e com as excelentes vozes que temos por terras Lusas



Cada vez gosto mais de Jazz no Feminino


Fica aqui um cheirinho:

Para quem queira saber mais (e escutar): http://www.melodygardot.com/

segunda-feira, maio 31, 2010

Surya Namaskar

Para quem necessita de iluminar o seu interior.
Ou, simplesmente, para quem gosta de saudar o Sol.

Namaste!


Música: "Só o Sol", de Viviane
(Imagens da minha autoria)

segunda-feira, maio 17, 2010

A proximidade que vem de longe...

Talvez arrastada pelas raízes do mundo do Bonsai e pelo crescente interesse pelo Oriente que este me vem suscitando, assisti, nos últimos dias, a dois espectáculos na Fundação do Oriente com origem japonesa.

Kokusyoko Sumire foi o primeiro: um duo inenarrável, cuja sonoridade me deixou desconfiada a princípio, mas que acabou por me proporcionar uma noite, no mínimo, suis generis. Mas, sem dúvida, muito divertida!

Segundo o próprio site da Fundação publicitava, "Opereta, música cigana, cabaret, balada japonesa, J-pop ou visual-kei? As Kokusyoku Sumire (Violeta Negra) apresentam um espectáculo que mistura um pouco de todos os estilos."


Já num registo muito distinto, deixei-me levar novamente pela curiosidade do que vem do País do Sol Nascente na selecção do programa a ver dentro das escolhas do FIMFA (Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas): Awa Deco Hakomawashi wo Fukkatsusuru Kai (Associação para a Renovação de Hakomawashi de Awa).


Um espectáculo com 300 anos de idade, de seu nome Sanbasoumawashi, recuperado e actualmente feito por três pequenas-grandes senhoras que carregam às costas umas caixas de madeira com quatro marionetas do tamanho de uma pessoa e os instrumentos necessários à sua performance pelas montanhas de Shikoku e que, desde o minuto zero de um novo ano até ao final do mês de Janeiro, visitam cerca de 900 casas para desejar sorte às gentes daquela região através da realização de uma pequena peça, com sons, danças e preces, plena de simbologia, com as ditas marionetas: Senza, Okina e Sanbaso (colheitas abundantes e saúde) e Ebisu (prosperidade no negócio).

Igualmente divertido. E inspirador.

quarta-feira, março 17, 2010

Protesto contra o estado em F maior

Nesta época de Faz-de-conta, de Facilidades e Futilidades, de Fragilidades do sistema, Fraquezas individuais e colectivas, Falsas promessas, argumentos Falaciosos e Focalização no cliente, já me faltam a paciência e os Fígados para aguentar tudo isto.

Aos três "F" atribuídos ao Portugal do passado - Fado, Fátima e Futebol - vi algures a referência ao 4º "F" dos dias de hoje: o Facebook.

Pois acrescento um 5º "F", muito pessoal e vindo de dentro...
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... estou Farta...

segunda-feira, janeiro 25, 2010

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Jazz - Pedaços de História

Um sedutor de Nova Orleães com passado de proxeneta. Pianista de enorme originalidade, afirmou falsamente ter inventado o Jazz. Mas foi o primeiro a demonstrar que esta música se podia escrever.

O filho super protegido de um casal da classe média, que transformou uma orquestra de músico extraordinários no seu instrumento pessoal, compôs quase duas mil peças de música para ela e tornou-se o maior compositor da América.

Um filho de emigrantes judeus russos dos bairros pobres de Chicago, que aprendeu clarinete para não andar com más companhias, veio ensinar um país inteiro a dançar.

A filha de uma criada de Baltimore cujo estilo inconfundível transcendeu as limitações da sua voz e transformou repetidamente música medíocre em Arte.

O filho de um funcionário dos Caminhos de Ferro de Kansas City foi para Nova Iorque para lançar uma revolução musical, liderou-a orgulhosamente durante um breve período, e destruiu-se aos 34 anos.

O filho problemático de um dentista de East St. Louis que, na busca de novos caminhos para o som, se tornou o músico mais influente da sua geração.

E há também um miúdo pobre das ruas de Nova Orleães, cujo génio ímpar ajudou a tornar o Jazz uma Arte de Solistas e que influenciou todos os cantores e instrumentistas que vieram depois dele. Aquele que, por mais de cinco décadas, fez quem o ouviu sentir que, por muito más que as coisa estejam, tudo acabará bem.

Tirado de “Jazz. A história, por Ken Burns”. Uma pérola que descobri esquecida numa prateleira.

“Jelly Roll” Morton (1885-1941), Duke Ellington (1899-1974), Benny Goodman (1909-1986), Billie Holliday (1915-1959), Charlie Parker (1920-1955), Miles Davis (1926-1991), Louis Armstrong (1901-1971). Alguns dos grandes nomes dos Homens e Mulheres que contribuíram para a História do Jazz. Únicos. Humanos. E, por isso mesmo, Grandiosos.

domingo, janeiro 03, 2010

Novo Ano


A lógica diz-me que um novo ano é apenas um agrupamento de dias, semanas e meses que se repete, em continuação do agrupamento anterior, como a água que corre num rio.

Mas dita o sentimento conjunto e generalizado que, quando se inicia um destes novos agrupamentos, se inicia também um novo ciclo na Vida. E, a algo de novo, associa-se sempre uma renovada esperança de melhoria ou, quanto mais não seja, de manutenção das coisas boas que ficaram do ciclo anterior.

Li outro dia uns votos de feliz ano novo que classificava 2009, sob a perspectiva do Zodíaco Chinês, como um típico ano da Vaca (um ano de coragem, paciência e convencionalismo) e previa dinamismo e sorte para o ano do Tigre, 2010.

Pois o meu desejo é que esta nova etapa seja não uma rotura total com o ano que passou, mas uma continuação da coragem e da paciência, com um renovado dinamismo e uma pitada de sorte, que dá sempre jeito.

Que o novo ano traga a todos motivos para não esquecer as lições do passado e continuar a ser feliz!