quinta-feira, outubro 10, 2013

Criação, Caminho, Construção


Ontem foi um dia que assinalou um marco especial na minha vida.
Já uma vez tinha deixado umas notas provenientes de um texto de Miguel Esteves Cardoso que diz que: "O casamento não é um contrato nem uma relação. Relações temos nós com toda a gente."

Chame-se o que se quiser. Casamento, seja.
Diz também que "É uma criação. É criado por duas pessoas que se amam. (...) É um filho inteiramente dependente de nós. (...) Quando esse filho é amado por ambos (...) que cuidam dele como se cuida de um filho que vai crescendo -, o casamento é feliz. Não basta que os casados se amem um ao outro. Têm também de amar o casamento que criaram."

Para mim, o casamento (que não precisa de um papel ou de uma aliança para o definir) é feito de todos os passos de um caminho que não tem fim, passadas pequenas ou grandes, até passinhos para trás; de todas as pedras de uma construção que nunca está terminada: pedras colocadas com cuidado ou arremessadas, estáveis ou que se desmoronam.

Tudo faz parte desse caminho, tudo faz parte dessa construção.
E esse caminho, essa construção, fazem parte de nós, integram o nosso ser, seja lá qual for o tamanho da janela temporal que ocupa na nossa vida.

Aqui fica a minha singela homenagem a todos os companheiros de vida de alguém.
Em especial ao meu.

segunda-feira, setembro 30, 2013

Ganhou a força em que (não) votei.


A Constituição diz, no seu Artigo 2.º, que “A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da democracia participativa.”

Somos uma democracia indireta, isto é, “um regime político em que o povo delega o exercício do poder soberano nos seus representantes eleitos por sufrágio ou votação”. 
(Dicionário da Língua Portuguesa Comtemporânea da Academia de Ciências de Lisboa)

Aprofundamento da democracia participativa?
Ora então vejamos: entre 2005 e 2011, a abstenção situou-se em cerca de 39 a 41% (aumentou, pouquinho mas aumentou). Nestas eleições, foi superior a 47%. Se somarmos a esta percentagem os brancos e os nulos, temos a módica quantia de 54%.

Soberania popular?
Pois, é verdade, a maioria absoluta está com os não votantes em força política nenhuma.

Afinal de contas, por linhas tortas, acabou de se cumprir o ponto 1 do Artigo 10.º da nossa Constituição “O povo exerce o poder político através do sufrágio universal, igual, directo, secreto e periódico, do referendo e das demais formas previstas na Constituição.”
… Ganhou “o povo”…

E isto vale de alguma coisa?
Não, a Constituição não prevê a reavaliação do sistema quando a maioria diz, por meio do instrumento que é considerado o mais representativo de uma democracia indireta, que não acredita no sistema.

Como nota final, refiro que a Constituição também diz, no seu  Artigo 22.º, que “O Estado e as demais entidades públicas são civilmente responsáveis, em forma solidária com os titulares dos seus órgãos, funcionários ou agentes, por acções ou omissões praticadas no exercício das suas funções e por causa desse exercício, de que resulte violação dos direitos, liberdades e garantias ou prejuízo para outrem”.

Hmmm… Responsabilidade? Quem tem arcado com ela estas últimas décadas?


Pela primeira vez na minha vida, não votei por opção. Não em branco, não nulo, simplesmente não votei no sistema. Coloquei-me deliberadamente à parte. Porque já não acredito nele.

Mas ainda não se trata das legislativas. Lá chegaremos, a seu tempo. Giro, giro, era apresentarmo-nos todos à Presidência da República no dia seguinte ao ato eleitoral, caso os resultados fossem a “nosso favor” outra vez.
"A ver vamos, como diz o ceguinho".

segunda-feira, setembro 16, 2013

Minimalismo e simplicidade

Imagem daqui.

Aprendi o significado do minimalismo com a minha irmã. Numa idade em que nenhuma de nós sabia que isso existia e em que eu, por ser a mais velha, achava que lhe ensinava coisas a ela.

Mais tarde fui contactando com esta temática por via de alguma música que me agradou.
Encontrei também algo de minimalismo na meditação.

Mas teimava (e ainda teimo, por força do hábito) em seguir a “via do complicómetro”: tendo (ou querendo…) mais “coisas” do que realmente preciso, aceitando mais compromissos do que aqueles que posso cumprir sem grande stress, estabelecendo metas mais exigentes do que as que realmente me deixam satisfeita… Em suma, acumulando “tralha” material, mental e espiritual, que me leva àquela sensação de vazio inexplicável, e com a angustiante tendência de deixar quase sempre para amanhã o que poderia fazer hoje. Como se as coisas se resolvessem por elas próprias e o mundo, amanhã, estivesse mais límpido. Sem esforço da minha parte. Mas novo dia chegava e, invariavelmente, a coisa recomeçava…

Até que… (espera, que ela encontrou a solução milagrosa e vai-nos fazer uma revelação bombástica de como a sua vida mudou radicalmente e blá blá blá).

Não. Não é de todo assim.
Como disse no início, aprendi o significado do minimalismo era miúda. Mas não “ouvi” o que a minha voz interior me queria dizer e deixei que (maus) hábitos se instalassem.
Pelo que passei uma fase de reaprendizagem e continuo a aprender, todos os dias.

Para mim, o minimalismo não pode ser dissociado da simplicidade. Acho que são duas das ferramentas fundamentais para (vi)ver o mundo que me rodeia de um modo pleno.
Estas ferramentas, combinadas com outras (como numa receita gastronómica que vai variando com o gosto de cada um), permitem-nos ter mais espaço (físico, mental e intelectual) para as coisas que realmente interessam.

Verdade, hoje em dia já organizei muita “tralha” material, mental e espiritual. Desde abdicar de roupa e outros objetos que só ocupam espaço, a simplificar a minha agenda, passando por selecionar os hobbies e estabelecer prioridades para as minhas rotinas diárias, sinto que já dei alguns passos no caminho certo. Já me sinto mais em paz comigo própria, mais familiarizada com o meu silêncio interior. 
Mas a guerra continua. Com batalhas diárias, nem sempre bem sucedidas.

Porque o mundo que nos envolve, hoje em dia, cria-nos dificuldades a todos os níveis (que parecem impossibilidades, mas se as analisarmos bem de perto e com calma, chegamos, mais tarde ou mais cedo, à conclusão que não é bem assim).

(Recentemente, dei-me conta que existe todo um movimento baseado no minimalismo que se poderá intitular de filosofia ou modo de vida. Livros, blogues, páginas na internet, grupos no facebook… São bons para alertar e nos dar algumas ideias da experiência de outras pessoas, do que se vai pensando por aí, mas não há regras para isto e ninguém melhor que nós próprios para pôr pés ao caminho e encontrar a direção que mais nos convém).

Independentemente de estar “na moda”, e atendendo a que considero esta expressão algo pejorativa, sei que tenho ainda muito que aprender com o minimalismo e com a simplicidade.


E com a minha irmã J.

segunda-feira, agosto 19, 2013

Comunicação assertiva.

Um dos meus horizontes é a assertividade.

Quando não se impõe, por fatores externos ou interiores, o silêncio (que também pode ser um sinal de assertividade), acho que devemos expressar a nossa opinião, sem com isso nos impormos nem, obviamente, ofender ninguém intencionalmente.

Esta expressão é tanto um direito como um dever de cada um de nós, enquanto cidadãos do mundo. E um dever acima de tudo porque, a expressão de opiniões, quando feita de uma forma consciente, fundamentada e assertiva, contribui quer para uma discussão saudável, quer para possíveis reflexões individuais. Coisas que, infelizmente, escasseiam nestes nossos dias de hoje...

Esta minha reflexão foi despoletada por um artigo escrito por Trina (“Why I Quit My Yoga Class”) partilhado na página do facebook do blogue da Rita (“The Busy Woman and the Stripy Cat”). Pelo artigo em si e pelos comentários que despoletou.

Considero-me  uma praticante “superficial” de yoga, com alguns conhecimentos (muito básicos); sou proveniente de uma família cristã, mas “auto-classifico-me” como agnóstica; não me identifico com as apreensões específicas do artigo da Trina.  Mas li o artigo até ao fim. E a minha brevíssima conclusão é que se trata de uma opinião individual, resultante de uma reflexão interior, de alguém que teve a coragem de a expressar e a virtude de o fazer de um modo que considero assertivo. 
E confesso que a questão que ela coloca no fim abriu em mim um espaço para a minha própria reflexão interior.

Posto isto, fiquei num misto de tristeza e alegria: triste pela agressividade expressa em alguns dos comentários, e contente pela constatação de existirem pessoas como a Rita que, apesar das divergências de pensamento e de crenças, têm a capacidade de dialogar sem atropelos. E de manter a vontade de aprender com quem discordam.


Para seres pensadores com vontade de aprender, a comunicação só se faz quando há alguém disposto a expressar a sua mensagem e alguém disposto a receber essa mensagem. 
Independentemente da análise de conteúdo e das conclusões que tira para si próprio.

quarta-feira, julho 24, 2013

Coração, coração...



(…) Coração independente,
Coração que não comando:
Vive perdido entre a gente,
Teimosamente sangrando,
Coração independente (…)
(Amália Rodrigues)

(…) É fantástico
A gente sentir o que não quer
E ter um coração independente.
(Fernando Pessoa)

Há um programa na Antena 1, que ouço com frequência com gosto, por conciliar textos lucidamente concisos e excertos de canções num curto espaço de tempo bem editado.
É o “A contar” de David Ferreira.

E o programa de hoje revela a intereseção que existe entre Amália Rodrigues e Fernando Pessoa: uma letra insolitamente da autoria da primeira (talvez porque única de entre todas as restantes letras que, até ali, eram da autoria de outrem e que, segundo consta, a própria Amália não quis inicialmente revelar que era dela) e um escrito de Pessoa, apenas dado a conhecer ao mundo pelas mãos de Richard Zenith 4 anos após a morte da fadista.

Tomara todos ouvíssemos o nosso coração com atenção. Ele, às vezes, diz, baixinho, coisas certas. O mundo seria um local melhor… Ou seríamos todos mais felizes. O que vai dar ao mesmo.


Para ouvir o programa na íntegra (curto, como disse, e que vale bem a pena, na minha opinião), clicar aqui.
(programa de 24 de julho. Podem andar com a publicidade para a frente no canto superior direito :) )

quinta-feira, junho 06, 2013

Pérola de outono...

... num tímido mar de primavera.

Ou sensibilidade poética em forma de canção.



"Não gosto nada que esperem de mim. Só prometo que não me vou embora."

Ainda bem.
Mais Márcia aqui e aqui.

quarta-feira, maio 29, 2013

Santimana

Uma semana em Santiago dos Velhos...

sexta-feira, abril 26, 2013

As florestas


"O vegetal (...) é a pedra fundamental de todo o sistema vivo, do qual dependemos hoje".

Imagens extraordinárias, umas fabulosas, outras aterradoras.
E verdades incontornáveis...



Filme oficial do Ano Internacional das Florestas. Dirigido por Yann Arthus-Bertrand para as Nações Unidas.