terça-feira, dezembro 08, 2009

Pink Martini e China Forbes

Pink Martini é o nome de um dos meus grupos de eleição e o tema para o meu artigo de hoje.

Têm uma discografia curta para os anos de existência, mas quem não se lembra do coro “Je ne veux pas travailler” (em “Sympathique”). Música muito descontraída e bem disposta, com todos os ingredientes necessários para alegrar a vida.

Num destes sábados, no “Hotel Babilónia”, um programa também ele muito bem disposto da Antena 1 (Pedro Rolo Duarte e João Gobern), soube do último CD deles: “Splendor in the grass”, tal como o filme de Elia Kazan.

Ao indagar o que é que este filme de 1961 teria em comum com a música do grupo, deparei-me com uma aparente incongruência: tal como o seu fundador refere no site oficial do grupo (http://pinkmartini.com/about), “Pink Martini draws inspiration from the romantic Hollywood musicals of the 1940s or ‘50s” mas, na descrição do filme que li no livro “1001 filmes para ver antes de morrer”, o filme é caracterizado por ser “uma película na qual as personagens se definem como indivíduos autênticos, actuando e reagindo num registo muito longe dos clichés de Hollywood”.

A incongruência é apenas aparente porque, tal como referiu João Gobern, os Pink Martini fazem “music of the world” sem ser “world music”. E sem sombra de cliché, pelo menos na minha opinião.

Consideram-se a si próprios como “musical archeologists”, inspirando-se em géneros tão variados como a música erudita (ou dita “clássica”), jazz e pop (old-fashioned pop, como referem no site).

Os Pink Martini foram fundados como uma pequena orquestra em 1994 por Thomas Lauderdale, numa senda suis generis de música para causas políticas.

O seu primeiro álbum (justamente “Sympathique”, de 1997) foi lançado independentemente com uma etiqueta própria: a Heinz Records (nome do cão de Lauderdale).

São constituídos por doze músicos e o seu reportório multilingue (quer em termos de letras, quer em termos de ritmos) engloba quer originais quer temas já existentes (e habilmente adaptados). Tiveram a sua estreia na Europa no Festival de Cinema de Cannes e já tocaram com 25 orquestras em vários países do mundo.

Para a diversidade dos seus temas contam com a diversidade dos seus membros: percussionistas com “raízes” no Brasil e no Peru, um trombonista que fala alemão e um violoncelista que fala mandarim e, como diz em em inglês, “at last but not least”, uma vocalista que estudou francês e italiano e canta em 15 línguas diferentes…

China Forbes é o nome da “senhora” que Lauderdale conheceu quando estudavam em Harvard e depois convidou para dar voz ao projecto.

E que voz… Já a conhecia, mas, no mesmo programa da Antena 1 acabei por saber também que ela tinha lançado um álbum a solo: ’78 é o seu título.

Comprei e gostei.

Um pop um pouco fora do que é meu hábito ouvir, mas a sua voz é tão bonita e as músicas tão leves que me seduziu na sua totalidade logo à primeira.

Em duas palavras, cristalinamente simples.

segunda-feira, novembro 09, 2009

A Dama de Ferro

300 metros de altura (320,75 metros com a antena). 7000 toneladas de peso, incluindo 40 de tinta. 15 mil peças de aço e 1652 degraus.

A Torre Eiffel em números. Do topo, o ponto mais alto de Paris, tem-se uma vista panorâmica da cidade. De tirar o fôlego, mas também de incutir algum enjoo ao visitante de estômago sensível.

Concebida por Gustave Eiffel (Dijon, França. 1832-1923) para a Exposição Universal de 1855, esperava-se que durasse cerca de 20 anos e já lá vão 120.

Depois da construção da Torre, Eiffel dedicou-se a estudos científicos nos campos de meteorologia, radiotelegrafia e aerodinâmica. Tinha um pequeno apartamento com um gabinete no topo da Torre, preservado até hoje num testemunho ao estilo de um pequeno museu (apenas visível do exterior).

Tinha uma ideia de lugar comum. Algo do género “toda a gente fala mas, se calhar, até nem é nada demais”. Enganei-me: conquistou-me. De um modo que os Parisienses não conseguiram. Apesar de metálica e muito imponente, consegue ser mais calorosa que eles…

E não me saía da ideia aquele filme (“French Kiss”, se a memória não me falha) em que a Meg Ryan passa o tempo todo a querer vê-la e ela lá, aparecendo em todas as esquinas, espreitando por cima das casas, vislumbrando-se ao fundo de cada rua. É realmente uma presença constante. Valeu a pena subir ao seu 2º patamar pelas escadas e enjoar no seu topo, após uma subida insípida num elevador apinhado de turistas e com um “guarda-freios” tipicamente parisiense. Só tive pena de não estar o céu mais limpo…



Para quem tiver curiosidade em saber mais: http://www.tour-eiffel.fr/index.html

domingo, setembro 27, 2009

Direitos, deveres… Liberdade?

O meu Pai ensinou-me que a nossa liberdade acaba onde começa a liberdade de outrem.

Considerando uma reciprocidade matemática, o contrário também deveria ser verdade.

Mas, neste nosso mundo dito democrático, como se processam estas premissas?

Vejamos o “direito à greve”. Com a greve dos pilotos nos últimos dias da semana, várias foram as opiniões de utentes revoltados. Falo por mim: reserva na TAP para um voo para Bruxelas quando a Air Brussels também tinha um horário que se coadunava com as necessidades. Porque é um produto português e há que apostar no que é nacional. O que se ganhou com isso? Vontade de apostar no que é Europeu, da próxima vez: quem comprou bilhete na Air Brussels foi para Bruxelas (negócios, trabalho, lazer, não interessa o que lá iam fazer, mas chegaram ao seu destino); quem apostou no que era nacional, ficou 4 horas à espera do que iria ser decidido por um grupo de pessoas que, segundo ouvi dizer, nem os próprios colegas de trabalho (pessoal de bordo) avisava com alguma antecedência… A confirmação de “não descolo porque estou de greve” era efectuada ao último minuto.

A liberdade dos pilotos da TAP em fazer greve chocou de frente com a minha liberdade de poder usufruir de um serviço que se encontrava contratado… e pago. E que implicou uma série de consequências individuais que, aumentadas à escala da quantidade de pessoas implicadas, prejudicou não só a empresa alvo da greve, mas muitas outras entidades e até, em última instância, o país.

Direito? Há outras formas de luta… Acho que assim não se vai a lado nenhum…

Agora vejamos o “dever de votar”. Houve um punhado muito razoável de pessoas que lutou por aquilo que achavam certo – a instalação de um sistema democrático em Portugal. Mas… o nosso sistema democrático não se baseia no voto? 40% de abstenção numa eleição para o Parlamento?? Onde ficam os deveres de cidadão? Saímos de um regime em que decidiam por cada um de nós, e agora desresponsabilizamo-nos com esta facilidade?!

A liberdade não é só direitos: implica necessariamente a responsabilidade de cumprir deveres.

Algo está muito errado neste nosso sistema.

Não tenho sugestões de alteração, confesso, mas já é altura de mudar.

Considerando direitos e deveres.

E não utilizando a palavra “Liberdade” de uma maneira leviana.

quinta-feira, agosto 27, 2009

40 anos e dois dias (e 50 mensagens no blog!!)

Uma data como outra quaquer.

Mas... e 25 de agosto de 1969?
Descobri uma págna na NET que simula um jornal com notícias da data do nosso nascimento.

Para além do Aniversário simultâneo (e contemporâneo) de Woodstock, descobri algumas coisas giras:
  • Fazem anos também o Sean Connery, 1930 (hmmm...) e Tim Burton, 1958;

  • Estava no TOP a canção "A minha mulata" do Duo Ouro Negro. Também "Sweet Caroline" de Neil Dianmond (cuja voz quente me acompanhou muitas vezes durante a infância e a juventude, nos velhinhos LPs em vinil do meu Pai) e, se bem que menos importante para mim, "My Way" de Frank Sinatra...

  • Foi inaugurada a Sede e o Museu da Fundação Calouste Gulbenkian, cujos Jardins têm feito parte de alguns bons momentos da minha vida.

Mas gostei particularmente do Horóscopo:

Escrito por outros, os outros que avaliem e tirem conclusões...

domingo, agosto 16, 2009

Alhada de Raia

Raia, Batata e Alho, esmagado de preferência.
Azeite e sal. E um pouco de água.



Só assim?...
Mas e... Talvez se...
Não. É só assim.

Simples, como as coisas boas da vida.

Bom apetite!

sexta-feira, julho 31, 2009

Um livro para ler descalço...

Um livro que me surpreendeu, pela positiva.
Para ser lido despindo-nos de conceitos pré-concebidos, de influências de moda ou de circunstância.
Pondo de lado os sapatos, mas honrando o seu valor de companheiros de viagem.
Inspirando o ar fresco da manhã com o espírito aberto a um novo dia, com tudo o que ele poderá trazer, de bom e de mau.
Serenamente.

É um livro que já está comigo vai para cerca de 2 anos.
Inicialmente, confesso, comprei-o num impulso mais de moda do que de outra coisa. Talvez num complemento da minha vertente de bonsaísta, na ânsia de conhecer um pouco mais da cultura oriental e da sua filosofia de vida, mas com a ideia de que estava a ser levada por um "sendo comum" da maioria de hoje em dia. E pensei de mim para comigo "Cá está mais um que vai ficar na prateleira...".
E também por causa do aparente objectivo principal: preparar/trabalhar/apoiar as mentes de quem se sente perdido em questões amorosas.

Mas, levada pela curiosidade, ultrapassando isto, filtrando os exemplos dados e vendo mais além, percebi que existiam nele mensagens que me foram transmitindo o que é a prática Zen no seu todo. Como se de um "manual de vida" se tratasse.

E fui lendo aos poucos. De tal modo que já o li mais de uma vez, em retalhos, insistindo num ponto ou noutro, voltando atrás e digerindo melhor o que li à luz do que vou vivendo. Tornou-se quase naquilo que alguns gostam de chamar "livro de cabeceira", revisitado vezes sem conta, principalmente em tempo de férias e de relaxamento.

Em suma, um livro para ler descalço.

terça-feira, junho 23, 2009

Seja feliz!

Há uns tempos, houve alguém que me transmitiu a ideia que a sua visão da felicidade era como que um conjunto de pequenos momentos em que conseguia vislumbar, por uma janela ou por um levantar de véu, um sentimento de agradável existência.

Mas aquilo não me convenceu.

Até que recebi, num daqueles reencaminhamentos em cadeia no mail, um power point com uma reflexão que me deixou agradavelmente surpreendida por ir de encontro ao que sinto ser a batalha de uma vida.

Basicamente, o que diz é que o “ser feliz” depende de cada um de nós e não de factores externos: há que decidir ser feliz como uma condição de vida e não como uma situação de circunstância.

Porque o que se passa há nossa volta muda constantemente. Não é possível controlá-lo. E não se pode ser feliz contando com a presença de pessoas, a realização de sonhos ou a concretização de desejos.

Sendo feliz, independentemente de tudo o resto, os momentos difíceis são apenas isso: momentos difíceis, mas passageiros, na vida de uma pessoa feliz por opção.

Há lá uma frase que espelha resumidamente o que entendi de todo aquele texto:

Quando alguém que eu amo morre, eu sou uma pessoa feliz num momento inevitável de tristeza”.

E termina com outra para reflectir:

serenidade para aceitar as coisas que você não pode mudar, coragem para modificar aquelas que podem ser mudadas e sabedoria para conseguir reconhecer a diferença que existe entre elas”.

Assim sendo, ser feliz não é, como me descrevia aquele amigo, uma vida com pano de fundo indefinido em que, por vezes (mais ou menos frequentemente) a felicidade deixa as suas impressões positivas (mais ou menos marcantes) e sim o contrário - uma base sólida, construída de dentro, que resiste a marcas que podem deixar a sua impressão negativa, mas que são fruto da Vida, havendo que aceitá-las como tal.

Por isso, seja feliz!

sábado, maio 30, 2009

Dor de Maio: um ano

Saudade é a presença constante de alguém que se ama dentro de nós, durante a sua ausência: torna a Morte em Vida interna.

sábado, abril 18, 2009

Conjure One

Contactei com a música deste projecto, pela primeira vez, nas aulas de "Body Balance", uma actividade de ginásio que congrega movimentos e técnicas de Tai-Chi, de Yoga e de Pilates.

Apelidada de "electrónica", "ambiente" ou "alternativa", o que é certo é que me cativou.
É um projecto de Rhys Fulber, que já conhecia do seu anterior projecto "Delerium".

Na biografia do site oficial pode-se ler "Music has been basically incorporated into Rhys Fulber's DNA...With hip parents, he was in the womb for a Led Zepplin concert and at age 6 they carried him along to a Kraftwerk show during their Autobahn era"

Gosto particularmente de Sleep, no álbum Conjure One (2002), e de Pilgrimage, no álbum Extraordinary Ways (2005).

Aparentemente não disponível em Portugal...

sexta-feira, março 20, 2009

Força, ritmo e ternura anciã


Fui ao CCB ver "El Arranque".

Tango, Argentina.

Um termo que não conhecia: milonga.

E os velhinhos. Sempre gostei de velhinhos, de anciães que nos inspiram confiança e que, embora já com pouca força física, a compensam com força de espírito: pois, no meio de toda aquela garra de sangue na guelra, ritmos quentes e sonoridades quase trágicas, sentia-se uma ternura imensa pelos grandes, antigos mestres e pela sua imensa sabedoria.

Sempre gostei de velhinhos.

sábado, março 14, 2009

O Leitor






O Amor que transportavam aquelas cassettes...

A Força da Palavra?
Concerteza.
Mas há coisas que não se exprimem. Sentem-se.

(Não me lembro da última vez que as lágrimas me apanharam de surpresa assim num filme. Silenciosas.)

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

A solução para a crise... (?!)

Aqui há uns meses, algum tempo antes de se ouvir falar tão insistentemente em "crise", ouvi uma intervenção da Maria João Seixas num programa da Antena 2, relacionada com problemas de liderança.
Retive as suas palavras pelo facto de transmitirem uma ideia tão óbvia quanto certeira para muitas coisas na vida. Para quase tudo, aliás.

A ideia assentava no seguinte: se cada um de nós, seja a varrer ruas, ao fogão da sua casa a preparar "a janta" ou a dirigir os destinos de uma nação, der o seu melhor, individualmente, a todo o instante e incondicionalmente, não precisamos de nada nem de ninguém que nos venha "salvar" do que quer que seja.

Assim sendo, é igualmente uma base sólida, no meu entender, para a resolução da crise. Seja ela qual for. E porque não se aplica?, pergunta-se...

Pois.

sábado, janeiro 03, 2009

Amor e Música

Ano Novo, mas sempre com Música. Boa Música...

Há dois CDs que me embalam o espírito e que ouço de fio a pavio vezes sem conta:
  • "Cabaret Noir", dos próprios. Com um toque de fresca vivacidade;
  • "Careless Love", de Madeleine Peyroux. Doce sensualidade. Dizem que é a "nova" Billie Holiday: talvez... mas sem a amargura de uma vida dura na voz.

E, embora bastante diferente dos outros dois, não posso deixar de mencionar um que já tenho há algum tempo, mas que tenho vindo a redescobrir: "Berimbau", de Paula Morelenbaum.

É um trabalho à volta de Vinicius de Moraes. Um Poeta do Amor: "A plena realização do amor era a seu ver a razão da vida." (Carlos Drummond de Andrade).

E, para celebrar a entrada do novo ano, nada como uma citação do próprio:

"E a coisa mais divina que há no mundo

é viver cada segundo como nunca mais."

(Canção "Tomara")