domingo, setembro 27, 2009

Direitos, deveres… Liberdade?

O meu Pai ensinou-me que a nossa liberdade acaba onde começa a liberdade de outrem.

Considerando uma reciprocidade matemática, o contrário também deveria ser verdade.

Mas, neste nosso mundo dito democrático, como se processam estas premissas?

Vejamos o “direito à greve”. Com a greve dos pilotos nos últimos dias da semana, várias foram as opiniões de utentes revoltados. Falo por mim: reserva na TAP para um voo para Bruxelas quando a Air Brussels também tinha um horário que se coadunava com as necessidades. Porque é um produto português e há que apostar no que é nacional. O que se ganhou com isso? Vontade de apostar no que é Europeu, da próxima vez: quem comprou bilhete na Air Brussels foi para Bruxelas (negócios, trabalho, lazer, não interessa o que lá iam fazer, mas chegaram ao seu destino); quem apostou no que era nacional, ficou 4 horas à espera do que iria ser decidido por um grupo de pessoas que, segundo ouvi dizer, nem os próprios colegas de trabalho (pessoal de bordo) avisava com alguma antecedência… A confirmação de “não descolo porque estou de greve” era efectuada ao último minuto.

A liberdade dos pilotos da TAP em fazer greve chocou de frente com a minha liberdade de poder usufruir de um serviço que se encontrava contratado… e pago. E que implicou uma série de consequências individuais que, aumentadas à escala da quantidade de pessoas implicadas, prejudicou não só a empresa alvo da greve, mas muitas outras entidades e até, em última instância, o país.

Direito? Há outras formas de luta… Acho que assim não se vai a lado nenhum…

Agora vejamos o “dever de votar”. Houve um punhado muito razoável de pessoas que lutou por aquilo que achavam certo – a instalação de um sistema democrático em Portugal. Mas… o nosso sistema democrático não se baseia no voto? 40% de abstenção numa eleição para o Parlamento?? Onde ficam os deveres de cidadão? Saímos de um regime em que decidiam por cada um de nós, e agora desresponsabilizamo-nos com esta facilidade?!

A liberdade não é só direitos: implica necessariamente a responsabilidade de cumprir deveres.

Algo está muito errado neste nosso sistema.

Não tenho sugestões de alteração, confesso, mas já é altura de mudar.

Considerando direitos e deveres.

E não utilizando a palavra “Liberdade” de uma maneira leviana.