domingo, outubro 21, 2007

Impressões jazzísticas IV

Chick Corea. CCB, 20 de Outubro.

O cartaz dizia "65 anos, e uma carreira de mais de 40 que o posiciona como um dos músicos mais prolíficos da segunda metade do século XX".

Para ser totalmente honesta, não conhecia a sua obra.
Tinha, no entanto, muito boas referências acerca dela.
E confirmaram-se.

"Hmmm... Nice... Very nice..." - comentários sobre a audiência. E sobre o piano.
"Piano solo is like playing in my living room. This is a very big living room! But we'll try to keep close."

Entrou "a matar" na 1ª parte: Thelonius Monk, Bill Evans... "What else... I'll play some other things for you...". Aparentemente improvisa tanto na interpretação como na programação. (Será? Teve efeito...)

Na 2ª parte: umas "short pieces" com o espírito das crianças como tema. Composições do próprio que remontam à década de setenta. Nice, very nice - digo eu.

Encore: "I've been entertaining you for almost two hours now... I think it's time for you to entertain me. A little bit!" E assim foi: pôs-nos todos a servir de coro... Bonito efeito.

Íntimo, mas muito comunicativo, fluido e à-vontade: só não se sentiu em casa quem não quis.

E estava este homem (segundo ele próprio disse) com 36 horas de viagem em cima e apenas 1 hora de descanso antes de entrar em palco.
O que faria se estivesse em plena forma e descansadinho da vida!

Para quem quiser saber mais: http://www.chickcorea.com/

quinta-feira, outubro 04, 2007

Espaço interior

Ouvi outro dia um amigo dizer que estava na idade de querer fazer muitas coisas.
Não sei bem que idade é essa: talvez seja mais um estado de espírito, disponibilidade a mais ou falta dela para pensar em certos assuntos. Comigo tem sido um pouco assim – há que ocupar compulsivamente o tempo, tentando descobrir se não haverá algo que ainda não conheço, que ainda não experimentei, que me faça despertar para outra realidade, que me transporte para um mundo melhor ou, pelo menos, que me faça ver este com outros olhos.

Mas ver este com outros olhos, pergunto-me cada vez mais frequentemente, para quê?
Já vejo este mundo com os olhos que quero: os meus. Com um olhar por vezes turvo, por vezes embriagado, do ruído exterior que deixo que me afecte e do ruído que produzo interiormente, para não ouvir aquilo que julgo ser um silêncio incomodativo.

Decidi abrir as portas e as janelas ao meu próprio espaço interior, deixando-o reinar sobre a “insustentável leveza do ser”…
Um trilho que trará, certamente, muito “suor sangue e lágrimas”.
Mas que, certamente, vai valer a pena.

Como parte desta abertura interior, criei três outros blogues.

Dois em que exponho artigos relacionados com duas paixões interligadas – os jardins e os bonsai –, de modo a organizar os meus pensamentos e a partilhar com quem queira ler um pouco do que vou fazendo e conhecendo nestas temáticas.
“At last, but not least”, um outro blogue cujo objectivo é, tão somente, agradar-me a mim própria, publicando excertos e citações de livros ou canções que vou lendo e ouvindo e que, por uma ou outra razão que não está nos meus planos dissecar (sim, porque nem tudo tem de ter um porquê…), me tocaram no meu íntimo.
Se, no caminho, agradar a mais alguém, tanto melhor.